Centro de Darkfalls

Estava no crepúsculo do dia, de clima obviamente frio, a neve no local tinha algumas gotículas de água, tais como os galhos das inúmeras árvores. E foi nesse clima que Emma teve de sair para buscar os internos no vilarejo.
Emma realmente gostava do frio, o frio fazia ela se esquecer de tudo o que aconteceu com ela, mas a loira nem ao menos sabia o motivo disso acontecer.
A loira encolheu-se dentro do sobretudo negro que usava esfregando as mãos com as luvas em suas orelhas para esquenta-las, mas não adiantava muita coisa, infelizmente. Ela suspirou, o que fez uma pequena nuvem de ar quente sair por sua boca, coisa a qual ela adorava, e por este motivo começou a fazer repetidas vezes.
Quando deu por si, os ônibus já passavam pelo portão de entrada e os internos começavam a sair deles. Emma jogou a cabeça pra trás com um suspiro pesado de tédio antes de se aproximar do primeiro grupo, sorridente. Ela sabia que a vida deles no instituto não seria fácil, então porque não fazer parecer que seria ?


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Uma garota chamava a atenção da loira. A garota a fitava de cima a baixo como se a avaliasse. Emma balançou a cabeça para os lados rapidamente e sorriu de leve, dando alguns passos em direção aos internos
Bom, eu sou a Drª Marshall, mas podem me chamar de Emma. Estou aqui para levá-los até o instituto.
A loira mordeu os lábios, percorrendo cada um daqueles internos com os olhos, reparando no olhar da morena desde o início e suspirou, arrumando os cabelos para trás da orelha enquanto sentia uma brisa gélida percorrer seu corpo, fazendo a garota se arrepiar.
Ela pegou uma pasta em sua bolsa, na qual continha um caderninho de anotações com o discurso preparado. Parou com o caderno em mãos e riu, balançando a cabeça e logo o guardou
Bom... Eu tinha um discurso de boas vindas, mas gosto de dizer o que vem a minha cabeça. A garota suspira, dando mais alguns passos na direção dos novatos e continua Esse tempo que passaram conosco no instituto pode ser de muito benefício se souberem usá-lo, mas também pode não ser de grande ajuda se assim quiserem. Então espero profundamente que que saibam usar desse tempo e dessa experiência
Emma respira fundo, lembrando de seus tempos como paciente. Ela odiara sem mandada para aquele local, viver com pessoas as quais não conhecia e pior, não poder sair...
A loira dá as costas aos novatos e se senta no capô de seu carro, suspirando para apreciar o ar quente saindo por entre seus lábios, enquanto esperava que um deles fosse falar com ela. Pois ela não correria atras deles, assim como não foram astras dela em sua época...


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Com um salto a doutora se levanta do capô do carro e sorri para a morena
Meu intuito não é matá-los de frio. De frio não...
Ela sorriu e caminhos até onde havia maior concentração dos internos, chamando a morena para perto de si e disse
Parece que alguém finalmente demonstrou interesse pelo local onde passara algum tempo Dias ? Semanas ? Anos ? Décadas ? O resto de sua vida ? Respostas as quias, apenas o tempo poderia dar. Com um suspiro Emma olha para a garota e fita o motorista do ônibus, dizendo ao mesmo Você. Pode levá-los, o Dr. Smith está os esperando. Eu levo essa jovem
A morena com certeza estava surpreendida, tão surpreendida quanto a própria doutora. Emma não devia estar em si, levar uma paciente, sem alguma segurança, em seu próprio carro para o instituto ? Sozinha, durante a noite ? Joseph, Joseph, pegue o telefone e coloque algo na cabeça de Emma.
A doutora esperou até que todos tivessem entrado no Çonibus e se dirigiu a seu veículo
No instituto as coisas são normais Disse ela em um suspiro, olhando para a garota enquanto entrava em seu carro Vai congelar ou entrar no carro ? Emma riu baixinho, esperando a garota na porta, fitando a mesma com um leve sorriso em seus lábios, tremendo um pouco pelo forte frio que fazia


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Dizer a verdade ou mentir a garota ? Emma como sempre optou pela verdade
Sinceramente, não sei o que esperar e isso me dá medo. Não que eu tenha medo de você, mas sim do que pode fazer.
A loira disse isso enquanto ligava o carro, olhando para a garota no carona por alguns segundos e logo deu a partida, seguindo rumo ao instituto.
Não sei o porque estou dizendo isso a você, mas também fui uma interna no instituto
Emma com toda a certeza precisava de Joseph para aconselhá-la. Ela estava contando sua vida a uma paciente, a alguém que mal a conhecia,alguém que poderia lhe fazer mal. Mas isso não estava lhe causando medo, e sim alívio pelo contrário. A morena, cujo nome ainda era desconhecido por Emma, parecia ser a uma pessoa a qual não a julgaria, assim como Emma não julgaria a garota ao seu lado.
Ela suspirou, ligando o para-brisas, a chuva começava a voltar, cessando a neve por sua vez. Mais Emma preferia a neve, branca e silenciosa.
Que cabeça a minha, esqueci de lhe perguntar. Como se chama ?
O barulho do esqueiro ecoava pela cabeça de Emma, fazendo a frágil doutora lembrar de seu passado. Nesse momento ela desejava ter Harper ali, não poderia voltar a atacar, não depois de anos lutando para não fazer isso.


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Falar de tempo não era tão fácil, e Emma sabia muito bem disso. Ela continua dirigindo, olhando por alguns instantes para a garota ao seu lado, cujo nome descobrira ser Alexia e toma todo o cuidado com a estrada. Ela sabia muito bem o que poderia encontrar vagando por ali naquele horário.
Isso depende apenas de você. Se for totalmente adepta ao... tratamento, pode deixar o instituto mais rápido... Porém, se não o aceitar tão facilmente, seu tempo lá pode ser maior.
Ela suspira e encara a jovem com um fraco sorriso nos lábios
Deve deixar sua mente livre para tudo que os médicos lhe dizerem...
O silêncio já estava a atormentando quando a garota lhe faz uma pergunta que antigamente deixaria Emma preocupada e irritada. Irritada pela insegurança que ela tinha perante os outros antes de se sentir realmente adepta para cuidar deles. Mais agora a deixava feliz de certo modo. Emma se sentia importante quando ajudava aos outros
Eu cuido principalmente da ala infantil. Mais também tenho consultas com alguns outros grupos, e sempre que algum interno me requisita, eu posso participar da consulta junta ou separadamente do médico oficial.
Não era fácil jogar na cara de alguém seus defeitos e Emma sabia disso. Ela não se sentia bem em dizer que cuidava de psicopatas e bipolares, pois eles já se sentiam culpados por serem assim e ninguém precisava lembrá-los disso.

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A menina parecia ser difícil assim como Emma. Uma pessoa que buscava resposta mas não explicava algo quando o assunto era si própria. Uma garota misteriosa que mantinha uma máscara, que em sua vez poucos a viam sem. E Emma estava vendo isso na garota, sua máscara ficar de lado, Alexia estava deixando Emma entrar em seu "mundo", ou assim a loira pensava.
Não faça julgamentos precipitados. Eles não são má pessoa e assim como eu, só querem seu bem. Responda tudo o que perguntarem, deixe eles te entenderem, pois assim sairá mais rápido do instituto
Emma suspira, sentindo um nó se formar em sua garganta, lembrando que alguns podiam ser ruins quando quisessem. Tratamentos a base de dor fora uma coisa pela qual a loira passou, mas não deveriam dar o objeto de seu prazer.
A voz de Alexia a tira de seu desvaneio, atraindo a atenção de Emma aquela inquietante pergunta Por que me trouxe com você?
Você chamou minha atenção, não parece ser uma interna como os outros que estavam lá. Teve atitude de ser a primeira a falar. Você lembra a mim no passado, talves seja por isso que quero ajudá-la. Deixe-me te ajudar.
Emma muitas vezes deixava seu sentido maternal a domar por inteira. Sentia necessidade de cuidar dos outros a frente de si mesma, pelo simples fato de ter medo de perdê-los. Ela havia perdido um único paciente, uma linda garotinha de 08 anos que em um dos passeios que Emma fazia com ela pelo jardim, se jogou no lago, morrendo afogada. A loira se culpa imensamente pela morte de Lolah e desde então vinha fazendo consultas diárias com Richard, até se sentir pronta para voltar a exercer sua profissão.
Emma sorri de lado, tentando virar o rosto para limpar uma única lágrima que ousava escorrer pelo seu rosto, como em todas as vezes que se lembrava da garotinha. Ela sorri, voltando seu olhar a estrada e aponta para frente, soltando um das mãos do volante
Está vendo aquelas luzes ? Lá fica o instituto. Fear of the Dark
Ela suspira, e olha para a garota, sabendo que quando passasse por aquele portão, não teria mais volta para nenhuma das duas e seus destinos estavam desde já interligados.

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Sim, todos queriam que Alexia pensasse o mesmo. Aqui, apenas aqui você ficara bem. O mundo lá fora não te faz bem, o mundo lá fora apenas faz você piorar. Por isso vivem em um ambiente rodeado por grandes, com afiadas lanças em seu topo. Por isso há guardas a todo momento fazendo rondas locais, porque querer te ajudar a se ajudar.
Não precisa confiar em mi.. em nós. Apenas nos deixe te ajudar. Encare isso como o desabafo a seu diário, mas nós somos seu diário.
Conforme o portão se aproximava a angústia vinha junto. Emma não queria voltar para o instituto, mas também não queria ficar longe de seus internos, pois era com eles que ela se sentia mais calma e a nostalgia de sempre sumia.
Você pode até pensar que é capaz de fazer isso sozinha, sem ajudas, sem remédios. Mas se fosse, não estaria aqui e muito menos assim...
Não era fácil para Emma dizer aquilo para a garota, não em voz alta. Ela não precisava que alguém jogasse em sua cara que ela era fraca, mas sim que estava daquele jeito por consequência de suas atitudes, apenas suas e que não poderia culpar mais ninguém por isso.
O carro logo encosta ao portão, a doutora mostra seu crachá ao guarda Summers e sorri, adentrando o local. Aquele simples guarda que estivera ali por todos esses anos desde que ela se tratara no local. Um homem viciado em drogas que as obtinha de maneira mais... saudável -se assim podemos dizer- prestando serviços ao internato.
Emma estaciona com o carro a vaga destinada a si e destrava as portas, olhando fixamente para a garota
Ninguém está aqui para obrigá-la a nada, muito pelo contrário, você só irá se tratar se quiser. Mais aqui ficará até estar totalmente sã. A loira suspira, abrindo a porta e sai do carro, dando a volta até o lado da garota. Quando Alexia desce, Emma sussurra para a morena Apenas prometa tomar cuidado, e sempre, tema o escuro
Assim que diz isso, a doutora trava o carro, dando as costas a garota, que se quisesse, saberia muito bem onde encontrá-la.

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